Dúvidas e Respostas

O que acontece comigo pode ter origem espiritual? Pergunte, procuraremos respostas juntos.

Objetivo deste blog: Auxiliar através dos textos postados, se você tem dúvidas sobre o que anda vivenciando, vamos conversar, vamos procurar resposta juntos, esta a função deste espaço. Comente, pergunte, questione, duvide, esclareça, estamos aqui! Deus os abençoe na esperança de dias melhores!







segunda-feira, 15 de agosto de 2016

AMAMOS DEMAIS... AOS OUTROS? E NÓS?

Um domingo, um dia como outro qualquer, apenas um domingo; as vezes, incrível, outras nem tanto.

Eles se reuniram com a família, foi um bom almoço, daqueles que há uma diversidade imensa de pratos e guloseimas, afinal esse é o acordo, cada um faz um.

As crianças correndo de um lado a outro, os homens jogando truco e as mulheres conversando. Estava tudo bem, foi um dia bom!

Até chegar em casa, Maria e Décio, um casal relativamente jovem, ainda sem filhos... esperando a hora certa.

A determinado momento, Décio olha para Maria, ela percebe que há algo diferente, não sabe dizer exatamente o quê, mas há algo errado, talvez na postura do marido, meio encolhido em si mesmo, o olhar baixo e fugidio, as mãos trêmulas... há um certo tempo percebe que a relação dos dois não é mais a mesma.

- O que está acontecendo? - pergunta Maria olhando de frente para o rapaz.

- Não sei como dizer o que preciso dizer. - responde o homem ainda de olhos baixos, fugindo a própria realidade.

- Que tal com coerência e verdade? Não vou facilitar, pode acreditar nisso, então tenha coragem e olha para meu rosto. - responde Maria com firmeza.

- Bom... é... nosso casamento... - começa Décio gaguejando.

- O que tem nosso casamento? - questiona Maria olhando para as mãos do marido que não param de tremer.

- Não... não é o casamento... sou eu...

- Então o que tem você? - insiste Maria.

- Bem... eu conheci outra pessoa, não que estivesse procurando, mas aconteceu e nós temos um relacionamento e estamos apaixonados. - ainda gaguejando e de olhos baixos tenta explicar.

- Está bem! - fala Maria, levantando da poltrona e se dirigindo a cozinha, pega um copo de água, beberica um pouco e o larga ali, não consegue engolir mais nada.

- Está bem? Como assim está bem? Você não vai brigar, discutir, xingar? - pergunta o marido atônito.

- Não! Para quê? Nós devemos lutar pelo que nos faz bem, se eu insistir em mantê-lo amarrado a mim, isso vai ser uma droga. Então... está bem!

- Não entendo!

- Nem eu, porque até outro dia estava tudo bem, mas agora não está mais. E o que não me valoriza, eu descarto!

- Descarta?

- É! Descarto. Se você veio me falar disso agora, é porque tem para onde ir, não é?

- Como assim? Para onde ir?

- Uai! Você joga essa bomba e acredita que tudo vai ficar como está? Não mesmo! E já que você tem para onde ir, é melhor arrumar a mala, porque, hoje mesmo, aqui você não dorme.

- Você ficou doida? Está me colocando para fora de minha casa?

- Não meu bem, quem pulou fora foi você! E eu não durmo com estranhos em minha casa. Vou tomar um banho e depois dormir, afinal o trabalho não me traiu, e amanhã preciso cumprir meus deveres para ter direitos. Quando sair, por favor, deixe a chave na mesinha. Vá com Deus e boa sorte!

- Não é isso que eu quero!

- Não estou entendendo a finalidade de seu papo, para mim ele já fez o efeito esperado, agora quero que seja feliz, mas eu não o quero mais, você não serve para participar de minha vida.

- Você está me deixando?

Maria olha para Décio e apenas fala baixinho:

- Não esqueça de deixar a chave em cima da mesinha. Tchau!

Entra no banheiro fecha a porta, abre o chuveiro e de roupa, sapato e adereços entra no box e deixa a água escorrer por seu rosto e se misturar às suas lágrimas. Maria respira fundo e pensa:

- É só um dia, um tempo curto talvez, eu previso apenas recomeçar!

Décio se levanta do sofá e com passos pesados, entra no quarto, pega uma mochila velha, enche com algumas peças de roupa, as lágrimas escorrendo pelo rosto e pensa:

- Estraguei tudo e nem mesmo sei ao certo o que quero, pensei que ela lutaria por mim. Pensando bem, conhecendo Maria, ela não aceitaria nada "mais ou menos".

Cola o ouvido na porta do banheiro e fala sentido:

- Maria não quero ir embora, eu amo você!

- Também amo você, Décio, mas amo mais a mim mesma e sei o que mereço. Um dia tudo vai estar resolvido e no seu devido lugar, hoje não, anseio pela solidão. Vá com Deus!


domingo, 7 de agosto de 2016

24a. BIENAL INTERNACIONAL DO LIVRO DE SÃO PAULO


ESTAREI NO STAND DA ADELER COM A EDITORA LUMEN NOS DIAS:


- 02 DE SETEMBRO DAS 14 HORAS ÀS 19 HORAS; E


- NO DIA 03 DE SETEMBRO DAS 13 HORAS ÀS 15 HORAS,


COM UMA SURPRESA INCRÍVEL, UM NOVO LIVRO LINDO E QUE CONTA UMA HISTÓRIA INCRÍVEL QUE VAI INUNDAR NOSSOS CORAÇÕES DE ESPERANÇA E MUITO AMOR.


ESPERO POR VOCÊS COM MUITO CARINHO!


quarta-feira, 3 de agosto de 2016

DA LUZ PARA A ESCURIDÃO


DA LUZ PARA A ESCURIDÃO

Pensando bem sair da escuridão para luz não é tão difícil assim, a claridade é muito mais atraente, nós dominamos o ambiente, conseguimos coordenar melhor nossa movimentação no mundo, enxergamos melhor.

Enxergar melhor... dominar o ambiente... ações bem materiais, mas e a escuridão que envolve nossas almas na maior parte do tempo. A dificuldade que encontramos para conhecer nossos próprios desejos, limitações e vícios de personalidades, que não raras vezes, nos faz cegos diante de nossos sofrimentos.

Hoje, pela manhã, recebi o telefonema de uma amiga muito querida, sua maior dor é nunca ter conseguido um relacionamento, no mínimo, amistoso com seu pai. Raramente se falavam, ou quando isso acontecia era aos gritos.

Então, ela cresceu, adolesceu, se casou, um dia descobriu que havia "casado com seu pai", descobriu no marido as mesmas características emocionais e comportamentais que tanto a irritavam.

Separou-se... casou pela segunda vez, depois de certo tempo, fez a mesma descoberta... "casou-se com seu pai".

Separou-se... casou-se pela terceira vez, também "com seu pai". Neste ponto de sua vida, a dor aumentou sobremaneira, ela não conseguia nem mesmo olhar no espelho, sabia que descobriria o mesmo olhar, da menina triste e insegura, que buscava uma imagem, que sempre fugia entre os seus sonhos.

Jurou a si mesma, parar para pensar e tentar descobrir o seu próprio eu.

Nesta busca incessante por felicidade, encontrou um namorado, jurou a si mesma que dessa vez seria diferente. Casou-se e hoje ao amanhecer, buscou conforto com a vez amiga, descobriu desconsolada que "havia caso com seu pai" de novo.

Que dor é essa? Qual pergunta que anda respondendo sempre com a mesma voz?

Onde está a luz que ilumina nosso coração e nossa mente? 

Que tal buscar dentro de si mesma o autoamor e encontrar o instrumento adequado a sua movimentação salutar?

Como se faz isso? Vivendo com amor a si mesmo!!!!


sexta-feira, 18 de março de 2016

FÉ, INABALÁVEL? QUEM TEM?



Antes de começar a escrever sobre o assunto fui até o dicionário procurar o significado da palavra "fé" e encontrei várias definições:

Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.

Só de ver essa definição já me deu canseira, se pensarmos então nessa primeira hipótese, adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro, fico muito triste, porque tenho tido em minha encarnação várias provas da bondade de Deus para comigo, e mesmo assim, minha fé ainda é tão... reticente.

Mudei para São Paulo aos nove anos, morava na cidade de Franca, onde nasci, frequentava, a contra gosto de meus pais, o Centro Espírita Nova Era, e ficava muito bem, gostava bastante das coisas que aprendia por lá. E tinha minha avó Nenê que defendia esse meu lado "ovelha negra", visto que toda a família era católica apostólica romana. 

Quando cheguei a São Paulo, meio escondida para não arranjar briga, encontrei a FEESP, localizada no Viaduto Maria Paula, eu morava na Avenida Ipiranga 200, no Edifício Copan. Quando perguntavam onde eu ia, dizia que era na igreja, isso aconteceu por uns três ou quatro anos, até que meu pai resolveu me seguir e descobriu que estava indo novamente "àquele lugar" e, ainda mais, estava mentindo.

Resultado: fui proibida de ir à centros espíritas. Fiquei mal de verdade! Eu tenho dupla vista e nunca minha mediunidade teve descanso, então precisava muito de direcionamento.

Vou contar a vocês algo que ocorreu comigo perto dos quinze, e vocês poderão entender essa história.

Fiquei muito doente e durante um certo tempo foi uma peregrinação em consultórios médicos, até que recebemos o diagnóstico de leucemia. Imaginem, era o ano de 1968, eu estava com treze para quatorze anos. Comecei o tratamento, doloroso, sofrido e ineficaz

Até que um dia o médico chamou meu pai e disse que eu não reagia aos medicamentos, à quimioterapia, não havia mais o que fazer. A notícia correu pela família e chegou aos ouvidos do querido tio Edebar Madrugada, marido de minha tia Ida Macarini Madrugada, hoje morador do Plano Espiritual, uma pessoa incrível de bondade.

Era uma quinta-feira, do mês de julho de 1969, estava muito frio, eu estava em minha cama deitada, coberta por vários cobertores, era muito doloroso, até mesmo mexer a cabeça. Ele entrou no meu quarto, me enrolou num cobertor, olhou para meu pai e disse:

- Estou levando a Eliane num centro perto de minha casa, é bom não tentar me impedir.

Lá fui eu, com um pijama de flanela branco com estampas de bichinhos, que parecia dez números maiores que a necessidade de meu corpo, estava pesando vinte e oito quilos.

O carro parou frente a uma casa muito simples na Vila Maria, tio Edebar me pegou no colo, subiu uma escadaria enorme, entrou numa pequena sala, foi instruído a me sentar numa cadeira em frente a uma mesa com a toalha mais branca que já vi. Um senhor sentado á cabeceira, tomou minhas mãos nas suas e disse sorrindo:

- Menina, você não tem nada!

- Como? Eu tenho leucemia!

- Tem não, isso é apenas para seu pai te respeitar e ao seu mandato mediúnico, a doença é para ele e não para você.

Tomou nas mãos uma garrafa, aquelas antigas onde o leite era entregue, cheia de água e falou:

- Toma essa água, um pouquinho por dia, daqui há uma semana você não tem mais nada.

- Preciso voltar?

- Se você quiser, mas volta a estudar no lugar onde você ia, é mais fácil e ninguém precisa te levar, aqui é muito longe. Quando quiser nos visitar será bem vinda.

- Quem é você?

- Um amigo que precisa de sua ajuda.

- Quê?

- Um dia você vai entender.

Sai daquela casa abençoada me sentindo muito melhor, hoje, relembrando, sabia que era isso mesmo. 

Uma semana depois, o médico que me acompanhava se espantou com minha melhora, contei a ele o que tinha acontecido, ele beijou minhas mãos e falou emocionado:

- Não posso questionar a veracidade do que me conta, eu vi o estado precário de sua saúde. - virou o rosto para meu pai e disse: - Você entendeu, não é?

Nunca mais tive nada, e meus pais pararam de interferir na forma como eu manifesto minha fé.

E tenho mais e mais histórias para contar para a vocês, provas indiscutíveis do Bem Maior, e mesmo assim, ainda não consigo manifestar essa fé inabalável, mas também sei que ela é fruto de exercício constante, então não me apresso, apenas... vivo o que dá! 

A fé não é algo para se entender, é um estado para se transformar. (Mahatma Gandhi)

terça-feira, 15 de março de 2016

REENCONTROS


- Estou perdida num mundo escuro, procuro saída e não encontro. Sinto uma terrível dor no peito e não sei o que fazer, ou para onde correr. Estou só!


- O que está acontecendo com você? Algo grave a incomoda?

- Não, está tudo bem. Está tudo bem mesmo! Sou eu, apenas eu. Não consigo me interessar por nada, nada me atrai a atenção. Até mesmo meu corpo me incomoda, parece que não sou eu.

- Como assim?

- Pela manhã quando acordo, até que estou bem, tenho observado esse fato há algum tempo, e ontem percebi que essa sensação de não estar no lugar certo, começa quando olho no espelho e encontro a imagem de um rosto desconhecido para mim.

- Entendo! Qual a sensação que você tem ao acordar?

- De alegria mesmo, de esperança, lembro de outras coisas que nada têm com essa vida sem graça que levo.

- São como recordações muito intensas?

- Isso mesmo. Lembro de uma casa no meio do campo, uma varanda com cadeiras normais e duas cadeiras de balanço. Se forçar vejo um casal de idade sentado e balançando as cadeiras, eles estão de mãos dadas e vez ou outra olham um para o outro com muito carinho, parecem encantados por estarem ali juntos, há várias crianças brincando por ali, todas alegres. Sinto uma felicidade enorme, é como se estivesse observando essa cena, isso acontece desde que eu era criança.

- Recordações de uma outra vida?

- Eu sinto muitas saudades do homem, a sensação é que ele morreu e eu fiquei sozinha. Tem uma outra cena, a senhora a beira de um túmulo nos pés de uma árvore, orando e pedindo a Deus para ir embora com ele, nesse momento algumas crianças se aproximam e a pegam pelas mãos, dizendo que é hora do almoço, ela vai, bem diferente do que era, o passo é cansado, os olhos tristes; depois a vejo sentada na varanda, na cadeira que era dele, ela tem o olhar fixo num determinado ponto e quando me viro e olho, vejo que observa a árvore onde ele foi enterrado.

- Não sei o que dizer dessas suas lembranças, eu sou espírita, na casa que frequento há o atendimento fraterno, acredito que as pessoas que trabalham lá, podem te ajudar de uma forma mais eficaz. Vamos comigo hoje à noite?

- Vamos sim, estou muito cansada. Para mim está sendo difícil viver cada dia, a saudade que sinto, não sei de quê, cresce no meu peito e me escraviza a cada dia. Estou ficando obsedada por essa ideia, e sei que vou encontrar esse homem, um dia, em minha vida, então só espero por algo que, certamente, é apenas fruto de minha insatisfação, mas que também me mantem viva. Que doideira!

À noite, as duas amigas entram no salão da agradável casa espírita, estão esperançosas quanto aos resultados.

A moça das lembranças olha a sua volta buscando um lugar para sentar, encontra os olhos admirados de um rapaz que a observa. Ela sente o coração saltar em seu peito, pega a mão da amiga e a aperta com força, respira fundo e fala:

- Ele está aqui! Eu o encontrei!

O rapaz se levanta, ele tem os olhos marejados de lágrimas, se aproxima, estende as mãos para ela e fala emocionado:

- Venha sentar ao meu lado!

Eles se olham com carinho e sabem que encontraram sua vida, sentam-se lado a lado, de mãos dadas.

"...Confia e vai em teu caminho de paz.Nada é mais gratificante que ver alguém submergindo da escuridão apenas por haver acreditado na existência da luz.
Ela sempre esteve presente...
Era só abrir os olhos..." 
(Francisco de Assis)


quinta-feira, 10 de março de 2016

JULGAR NA SUPERFÍCIE... UMA FALHA GRAVE!

Eu estudei na PUCSP, no ano de 1974 comecei o curso de Letras, Língua Portuguesa. Saía da faculdade às 23.15hrs., entrava num ônibus descia em frente à Rua Major Sertório em São Paulo, eu morava na Avenida Ipiranga, no Edifício Copan.

Atravessava a Rua Major Sertório de ponta à ponta. As pessoas diziam:

- Que perigo, esse lugar é muito ruim, é o pior lugar de São Paulo, uma rua de prostituição.

E... fiz esse caminho durante quatro anos, nada de mal me aconteceu, muito ao contrário, aprendi coisas importantes para minha vida, e coisas boas. Vou contar uma história que trouxe a mim um pouco de discernimento em minhas conclusões.

Eu descia do ônibus sempre perto da meia noite, entrava na Rua Major Sertório e na esquina sempre estava uma moça, bonita, com os cabelos da cor do sol
e dona de um sorriso lindo. Ela sorria para mim e me acompanhava, anônima, em silêncio, até eu atravessar a Avenida Ipiranga, e voltava para seu lugar.

Um dia ela me deu boa noite e perguntou como tinha sido minha aula, eu respondi, feliz por ela conversar comigo. Um dia cheguei ao nosso local de encontro de todas as noites e ela não estava. Um rapaz se aproximou de mim e perguntou se era eu que ela levava até a avenida, eu respondi que sim. Ele falou que por uns dias seria ele, ela estava adoentada.

Fiquei muito emocionada pelo carinho e cuidado. No dia seguinte, comprei um bombom "Sonho de Valsa" e perguntei se ele podia entregar a ela, ele disse que sim.

Alguns dias se passaram, nunca fiquei sem proteção durante esse tempo. Até que um dia feliz a encontrei no lugar de sempre, ela estava muito magra e abatida, fui para abraçá-la e ela com gentileza me empurrou e disse que não sabia que doença tinha, então era melhor eu não me aproximar, agradeceu o bombom e disse que nunca ninguém a havia presenteado. Então, uma vez por semana eu entregava a ela um doce, um chocolate e um dia minha mãe fez arroz doce, eu levei para ela, que chorou de felicidade e contou que sua mãe enquanto viva também fazia arroz doce. Essa informação foi a única que tive de sua vida, ela nunca se lamentou ou contou algo a mais.

Terminou minha faculdade, no último dia de aula, me despedi dela, ela me abraçou e falou que estava muito doente, que em breve não poderia mais estar ali, pedi o endereço disse que a visitaria, ela disse que não, que eu deveria esquecer dela, que nosso tempo havia terminado, e olhou nos meus olhos, chorando e agradeceu assim:

- Sempre quis ter uma irmã e durante esse tempo foi você. Obrigada, mas faz anos que não trabalho mais nas ruas, quis que um dia você se orgulhasse de mim, como eu sinto orgulho de você, então larguei essa vida. Eu só venho aqui para te acompanhar, hoje sou empregada doméstica de uma senhora muito idosa e cuido dela; mas, tomei a decisão tarde, eu estou morrendo e só espero conseguir viver até o momento em que minha patroa precisar de mim, ela também é sozinha. Agora vá, e tenha uma vida feliz!

Eu nunca soube nem mesmo o nome dela, ela nunca quis dizer, como também nunca disse o meu, mas para mim, ela foi um anjo que Deus colocou em meu caminho.

Anjo de luz, tenho certeza que você está bem, sei que sempre teve um coração bom. Deus a abençoe e obrigada por seu exemplo de amor!

segunda-feira, 7 de março de 2016

RÓTULOS? HOMOSSEXUALIDADE? ASSIM... COMO VIVER É NORMAL...



Sandro saiu de casa, cabisbaixo, a mochila nas costas. Pegou apenas o essencial, algumas trocas de roupa, os documentos e uma foto, dele e sua família, a quem tanto amava.

As lágrimas escorriam por seu rosto, eram quentes e salgadas, traziam até mesmo um certo conforto, sabia que se não chorasse, o peito explodiria em mil pedaços.

Sentia mágoa, raiva, inconformação, tristeza e muita angústia. Caminhava devagar, tinha medo de cair, tamanha a instabilidade de suas emoções; a vista estava turva, o pensamento um caos, não conseguia nem mesmo orar. Estava triste demais, mas também sentia muita raiva!

Passou meses tentando descobrir como contar a sua família seu grande segredo, no início sentia medo e vergonha. Não entendia direito seus próprios sentimentos e sensações!

Pesquisou, estudou, conversou com profissionais como psicólogos, psiquiatras, médicos de todas as especialidades que pode encontrar. Procurou ajuda espiritual, trocou ideias com grandes amigos; por fim, chegou às suas próprias conclusões.

Procurou se fortalecer dentro de sua realidade, procurou respostas de como conduziria sua vida dali para frente, e foi ensinado a ser honesto, digno e nunca mentir, e sabia que só se sentiria bem quando conversasse com sua família, principalmente, seu pai e sua mãe.

Pensou bastante, inventou mil formas de falar uma única coisa, resolveu contar a sua mãe, ela era mais compreensiva e menos preconceituosa.

Suava frio, tremia e não conseguia levantar os olhos, apenas falou rápido e baixo, contou a ela, e esperou a reação:

- E você está bem com sua verdade, meu filho?

- Ainda não sei, mãe, mas estou tentando.

- Então vamos tentar juntos, está bem?

- E como vamos contar a meu pai?

- Ai, a coisa fica mais complicada, mas não devemos omitir ou mentir, então vamos enfrentar juntos esse momento está bem? Afinal, nada há de errado em suas decisões.

Mais uma semana de ansiedade e medo, seu pai era bastante preconceituoso, como reagiria a sua verdade? Finalmente, sentados os três, mãe, pai e filho.

- Pai, preciso contar ao senhor algo sobre mim.

- O que é? Finalmente, arranjou uma namorada que presta?

- Não, pai, você nunca me verá com uma namorada. Eu sou homossexual, e encontrei uma pessoa incrível, a quem amo muito. Um bom rapaz que me respeita e me valoriza.

- O quê? Você só pode estar brincando. Que brincadeira mais sem graça, se queria me deixar furioso já conseguiu. Sai da minha frente.

- Pára! Você entendeu muito bem o que nosso filho falou, ele fez uma escolha, e para ele é a saudável. Ele não está escondendo nada e nem mesmo sendo desonesto. Ele o está informando e não pedindo sua aprovação. E será respeitado como o ser humano maravilhoso que é, e chega! - falou sua mãe.

- Se você ficar do lado dele, pode arrumar suas malas e ir embora com ele, porque ele não é mais meu filho. Mariquinhas!

O rapaz levantou, foi até o quarto pegou a mochila que já estava pronta e voltou à sala.

- Meu pai sei que precisa de um tempo para entender seu filho, então terá esse tempo. Minha mãe me compreende e não será punida por uma escolha minha, ela é sua esposa e será respeitada, eu sei que a ama, como sei que também me ama. Minha mãe saberá onde estou, se quiser conversar com seu filho, eu ficarei muito feliz; mas, também me dê um tempo, porque também estou magoado com suas palavras, mas vai passar.

O rapaz saiu, sua mãe correu ao seu encontro, o abraçou e disse bem alto:

- Tenho muito orgulho de você. Você é um homem corajoso e digno. Deus o abençoe!

E lá se foi em busca de sua vida, viver sua escolha, normalmente, como qualquer um que encontra o verdadeiro amor.

O amor... Ah, o amor...

O amor quebra barreiras, une facções,
destrói preconceitos,
cura doenças...
Não há vida decente sem amor!
E é certo, quem ama, é muito amado.
E vive a vida mais alegremente...

Artur da Távola

quinta-feira, 3 de março de 2016

ALCOOLISMO - O INFERNO NA MENTE



Acordei logo cedo, disposto a mudar meu caminho, estava mal ainda, a boca seca, a cabeça anuviada, as pernas bambas, lembrava pouco do que havia acontecido na noite anterior, mas sabia que tinha feito porcaria, de novo, outra vez, só não sabia ainda a gravidade dos meus atos.

Olhei para o outro lado da cama, minha esposa não estava lá, deve ter se levantado mais cedo. Olhei o relógio, eram 5:30 horas da manhã, muito cedo. A casa ainda estava em silêncio, as crianças devem estar dormindo.

Sentei na cama, enjoei na mesma hora, corri para o banheiro e vomitei muito, passei muito mal. Suava frio e com abundância. Sentia uma fraqueza nunca antes experimentada, sentei no chão e chamei por minha mulher, várias vezes e nada, nem mesmo uma resposta.

Olhei para a janela e o dia ainda não havia clareado.

Levantei com dificuldade, abri o chuveiro e entrei debaixo da água sem nem ao menos tirar a roupa. A água fria trouxe certo conforto, mas a cabeça, os pensamentos não conseguia coordenar.

Fiquei ali por algum tempo, quando olhei a janela o dia havia amanhecido, já estava claro e chovia bastante.

Peguei uma toalha, enrolei o corpo e andei pela casa, não tinha ninguém, onde estava minha família?

Será que tinha acontecido alguma coisa?

Não lembrava de nada, nem mesmo de ter entrado em casa. Incomodado pelo silêncio e pela solidão, peguei o telefone e liguei para minha cunhada, ela deveria saber de algo.

O telefone tocou, tocou até desligar, liguei de novo e nada, ninguém me atendia. Já começava a ficar preocupado. Resolvi fazer um café, quem sabe assim me sentiria melhor.

Acendi a luz, apesar do dia ter despontado, continuava escuro, a chuva forte batia no telhado e o barulho parecia crescer dentro de mim.

Na geladeira uma folha de papel presa por alguns imãs confeccionados pelos meus filhos, esses presentes que fazem na escola. Era a letra de minha esposa.

"Querido, eu o amo muito, por isso mesmo não suporto mais ver você assim. Não suporto mais ver o assombro e o medo nos olhos das crianças. Não suporto mais ser maltratada, os safanões, os tapas e as ofensas.

Meu coração dói, nem sei se um dia conseguirei parar de chorar e sentir saudades, mas estou morrendo aos poucos. Estou permitindo que minha dignidade e meu amor próprio sejam sacrificados a golpes certeiros por seu descaso.

Pedi, implorei, chantageei, mas nada o toca, ou faz seu coração escutar nossas súplicas.

Você fez uma escolha, entre eu e seus filhos, você escolheu um copo de álcool, nem mesmo espero que um dia você se arrependa e modifique seu caminho, porque não sei se dá mais tempo.

Estamos indo embora, para salvar nossas vidas.

Peço a Deus que o abençoe e perdoe a sua insensatez.

Sua família que o ama."

O homem escorregou para o chão, os olhos rasos de lágrimas, e os soluços doloridos escapando do peito, gritou em pânico:

- E agora o que faço?

Ficou por ali um certo tempo, remoendo a dor, com pena de si mesmo, então lembrou-se de sua esposa lhe dizendo com carinho:

- Força, meu amor, você pode sair dessa.

O homem levantou, trocou a roupa, ligou o computador, anotou algo num papel velho e saiu.

Parou frente a uma casa, simples e acolhedora, onde estava escrito:


Sabia que não seria fácil, mas precisava, pelo menos, tentar se livrar dessa amarra que o mantinha cativo, escravizado há tanto tempo. Fechou os olhos, fez uma prece, coisa que não se lembrava mais como fazer, mas orou com força e fé. Sentiu alívio, como se um peso enorme fosse retirado de suas costas.

No plano espiritual, amigos que sempre o acompanharam na esperança deste momento, iam e vinham, auxiliando outros tantos, viciados já desencarnados, que faziam do homem o seu veículo para manter a sensação de estar alcoolizado. 

Se aqueles que se deixam levar pelos falsos prazeres do vício conseguissem enxergar o mundo que os rodeia entenderiam o mal que a si fazem, e que ajudam outros tantos a perpetuar.

Basta pedir ajuda, tanto para a matéria como para o espírito. Vá lá, amigo, levante-se e assuma o controle de sua vida.

Informações para contato



quarta-feira, 2 de março de 2016

Deus, o que eu fiz? Acreditei na Vida!

Sara chegou a sua casa, estava cansada, trabalhando como uma louca, afinal todas as contas de sua casa estavam sob sua responsabilidade. O marido estava desempregado há bastante tempo, já desanimado, nem mesmo pensava em sair para a rua e procurar algo para fazer, ganhar algum dinheiro e contribuir com as despesas que não eram poucas, afinal tinham três filhos para sustentar.

Sara estava muito cansada, sentia-se sozinha, os ombros doíam, parecia que carregava toneladas nas costas.

Sentou no sofá, tirou os sapatos e pensou:

- Nossa, está tudo muito quieto. Onde será que está o Toni e as crianças?

Com algum esforço levantou do sofá, foi para a cozinha, tomou um corpo de água, percorreu a casa. Eles não estavam por lá.

Deveriam ter passado na casa de sua sogra, ela gostava muito das crianças e sentia saudades. Era uma boa pessoa, mas também sabia que não gostava dela. Já havia dito várias vezes que preferia que seu filho tivesse se casado com uma moça estudada e não uma doméstica.

O choro veio, as lágrimas escorreram por seus olhos. Enxugou-as depressa, ouvira barulho na porta, eles estavam chegando.

As crianças entraram correndo, pularam sobre ela, riam alto, todos querendo falar ao mesmo tempo e contar as novidades do dia. Ela os abraçou feliz, beijou a todos com carinho e muito amor, os amava além da conta, além da razão.

Toni atravessou a porta da cozinha, olhou para ela encantado, estendeu a mão que carregava uma rosa, com certeza roubada do jardim do vizinho. Se aproximou de mansinho, a abraçou, beijou e falou:

- Você está linda hoje e sempre. Te amo muito!

Ela olhou para ele, sorriu, pensou:
"- Isso é que conta."

Toni segurou suas mãos, olhou nos seus olhos e falou com lágrimas nos olhos:

- Vou te contar algo que ando fazendo.

- O que é?

- A prefeitura ofereceu alguns cursos rápidos, profissionalizantes. E eu arrumei trabalho, fiz curso de jardineiro e depois vou fazer paisagismo. Andei a tarde toda, batendo de porta em porta, entregando alguns cartões que fiz. Três pessoas me contrataram.

- Toni, por que não me contou antes?

- Tive medo de não dar certo, estava muito envergonhado de não poder ajudar aqui em casa.

- Ah, meu querido! Você é a luz da minha vida. Nunca mais pense isso. Nós amamos você.

A melhor ajuda espiritual que podemos conseguir é alimentar a fé e a esperança, acreditar que amanhã é sempre melhor que hoje. E sempre ter a certeza que não sabemos o que vai no coração do outro.

Bom dia, mundo!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

SOBRE A DEPRESSÃO - HOJE EU ACORDEI SANGRANDO - ANA MACARINI




Hoje eu acordei sangrando


Seria uma bênção acordar sangrando. Haveria testemunhas para esse fato impossível
de ser ignorado. Há sangue! Procura-se por um ferimento, uma causa, um trauma. Ninguém sangra à toa. Mas há quem sangre de forma secreta, silenciosa, solitária. A depressão é um tipo de hemorragia interna; só que o que sangra é a alma.

Os mesmos olhos que custaram uma eternidade para receber a visita acolhedora do sono,

não são capazes de
despertar. Ardem, pesam, parecem conter milhões de micropartículas de areia. Os olhos são visíveis; a insônia
e a fadiga, não. Às vezes, alguém do lado de fora pode até perceber “Puxa, você está
com olheiras. Tá tudo bem?” ou “Como seus olhos estão vermelhos! Está resfriado?”.
Não, não está tudo bem! E,
não, não é resfriado. Mas, a maior parte dos parceiros
da depressão está
acostumada a fingir que não sente nada. E, na maioria
das vezes, responde automaticamente “Sim,
está tudo bem. Deve ser
apenas um resfriado.” O
resfriado é fácil de
compreender, todo mundo está autorizado a ter. E o “tudo bem” é o que o outro espera ouvir, para poder ficar “tudo bem” pra ele também. Complicado?! Ahhh… É! Muito complicado!
A expectativa de vida é reduzida para as pessoas que sofrem de depressão; assim como a
sua capacidade de conviver, produzir, pensar e interagir. Indivíduos deprimidos são mais suscetíveis a diversas doenças como diabetes, fibromialgias, disfunções hormonais e enxaquecas. Desequilíbrios no sistema nervoso (que é responsável pela sensibilidade à
dor) ou no sistema límbico (que é responsável por reger as emoções) causam uma dupla disfunção: a dor crônica pode levar à depressão, assim como o inverso também é
comprovado. Só nos Estados Unidos, o consumo de antidepressivos aumentou 400% em 20 anos. Mas, historicamente, depressão é um conceito que apareceu ainda ontem. Por séculos, ela foi uma doença cheia de mistérios conhecida como melancolia.
Estamos atolados num tipo de epidemia do desconforto emocional: há mais pessoas
deprimidas do que jamais houve. Uma piada sarcástica diante de uma época em que ser feliz é quase uma obrigação. Todo mundo quer ser feliz, bonito, rico, bem-sucedido, amado e, se possível que tudo isso venha num passe de mágica, com pouco ou nenhum esforço. E, quando o mundo todo parece estar se divertindo numa festa para qual não fomos convidados, vem um
vago sentimento de tristeza. No entanto, é preciso cuidado: tristeza não é, nem de longe, a mesma coisa que depressão.
O ritmo e estilo de vida que insistimos em comprar a preços altíssimos, nos lança numa montanha-russa de angústia e ansiedade que pode levar a sensações prolongadas de
tristeza e apreensão. Ficamos muito vulneráveis aos apelos de uma sociedade inquieta
que exige de nós o máximo, a excelência, a última gota. É como caminhar numa estrada
sem luz, desconhecida e cheia de obstáculos: nunca sabemos o que está por vir. Só nós
mesmos é que podemos nos salvar dessa armadilha. Parar. Respirar. Rever. Avaliar.
Escolher. Escolher é a única forma lúcida de administrar o que vale a vida. Talvez a única
forma de evitar que a tristeza se prolongue a ponto de encontrar uma confortável morada
dentro de nós. Mas, isso ainda não é depressão. Depressão é doença, não é falta de
coragem para enfrentar as vicissitudes da vida; não é artifício para chamar a atenção;
não é frescura; não é falta do que fazer. Depressão não se cura sozinha ou à custa de
repouso e Vitamina C, qual uma virose. Não é contagioso, mas coloca quem a carrega,
muitas vezes, em situações de isolamento. A Organização Mundial da Saúde sinaliza para
a forte possibilidade de que em 2030 a depressão venha a ser a doença mais comum do
mundo, ultrapassando os problemas cardíacos e o câncer. O que torna isso ainda mais preocupante é que estamos ainda flertando com ela, não a conhecemos o suficiente para compreendê-la.
Engana-se, no entanto, aqueles que associam a doença depressiva ao cenário caótico da modernidade. Na Grécia antiga, os filósofos associavam a melancolia à superioridade
intelectual e à personalidade social seletiva, sem qualquer aproximação com o conceito de doença. O médico inglês Thomas Willis, foi o primeiro a relacionar a melancolia à mania (em meados do século XVII), definindo o que seria um ciclo maníaco-depressivo. Neste mesmo século, Robert Burton, um filósofo, aponta para os costumes sociais como os grandes disparadores dos estados de melancolia. A primeira tentativa de categorização psiquiátrica
sobre melancolia foi realizada no final do século XVIII com Pinel, por meio de observações clínicas e agrupamento de sintomas, e então, com a instauração do saber psiquiátrico no
Século XIX, a melancolia foi transformada em doença mental, sem qualquer sinal de
romantismo literário. Esquirol a denominou de “lipermania” ou “monomania triste” e Jean
Pierre Falret de loucura circular, aproximando a melancolia da mania. Foi então que,
no final do século, Emil Kraepelin integrou a melancolia à loucura maníaco-depressiva,
fundindo-se em seguida à psicose maníaco-depressiva.
A Escala de Depressão de Beck ou Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression
Inventory, BDI, BDI-II), criada por Aaron Beck e publicada em 1961, que consiste em um questionário com 21 itens de múltipla escolha, é um dos instrumentos mais utilizados para
medir a severidade de episódios depressivos; seu desenvolvimento é um divisor de águas
que marcou a mudança de comportamento entre os profissionais de saúde mental.
Anteriormente a depressão era entendida como o efeito de pressões psicológicas externas, aliadas à interação entre as motivações conscientes e inconscientes do indivíduo deprimido.
O conceito original desse pressuposto foi desenvolvido por Sigmund Freud. A Escala de Depressão de Beck propõe tratar o diagnóstico da depressão, considerando sua
manifestação a partir de perguntas que abordem questões mentais advindas dos próprios pensamentos dos pacientes.
Na sua versão atual, o questionário é desenhado para pacientes acima de 13 anos de idade
e é composto de diversos itens relacionados aos sintomas depressivos, tais como:
desesperança; irritabilidade e cognições (culpa ou sentimentos de estar sendo punido);
assim como sintomas físicos como fadiga, perda ou ganho de peso e diminuição da libido. Existem três versões da escala: a BDI original, publicada em 1961 e revisada em 1978;
a BDI-1A; e a BDI-II, publicada em 1996. A escala é largamente utilizada como ferramenta
para medida por profissionais de saúde e pesquisadores em uma variedade significativa de contextos clínicos e de pesquisa. Desnecessário alertar para o fato de que soa no mínimo
ingênuo e simplista tentar reduzir algo tão complexo quanto a depressão a uma série de
lacunas marcadas com “X”!
Conviver com a depressão e com os depressivos é um desafio diário de coragem, tolerância, persistência e compaixão. Os pacientes vivem num espaço de tempo e lugar em dimensão diferente dos indivíduos que não convivem com as alterações involuntárias de humor; tudo
lhes parece fútil, ou sem real importância; perdem a capacidade de ver o mundo em cores;
lutam para ignorar a cratera que sentem no peito, causada pela incapacidade de sentir
alegria. As crianças e adolescentes, são atingidas por um complicador ainda mais cruel:
muitas vezes, em vez de parecerem tristes, mostram-se irritáveis e agressivos. O deprimido,
com frequência, julga-se um peso para os familiares e amigos, muitas vezes mesmo que
não chegue a considerar a ideia de por fim à própria vida, nutre desejos de que a morte
chegue simplesmente.
E, como mais uma das maravilhas científicas do mundo moderno, no meio dessa aparente situação de trevas emocionais, surgem as “milagrosas drogas antidepressivas” e
“reguladores de humor” que, sem dúvida, reduzem os efeitos e arranham a casca da
depressão e seus efeitos aparentes e observáveis. Meses de introdução, acerto de
dosagem e troca de medicamentos; até que psiquiatra e paciente cheguem a um acordo
para determinar o que, quanto e quando será administrado para que os efeitos colaterais
sejam menos devastadores do que viver com a depressão. Acerto de medicação; comprometimento do paciente, familiares e outros envolvidos; acompanhamento
indispensável de terapia comportamental cognitiva ou psicanálise; acenam para uma
convivência menos sofrida com o desafio da depressão.
Alcançar a cura, ou a remissão dos sintomas não é, nem de longe, uma tarefa simples.
É jornada que envolve a todos que estiverem minimamente relacionados a quem luta para permanecer inteiro até o fim de cada dia, ainda que amanheça sangrando invisivelmente.
Ana Macarini

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

QUE TRISTEZA! QUE ALEGRIA SEM FIM!

Um caso bastante interessante chegou as nossas salas de atendimento fraterno, uma jovem muito bonita, inteligente, intelectualizada, muito bem resolvida financeiramente, parte de uma família bastante unida e alegre; mas, queixava-se de solidão. Um caso que nos remete a uma mensagem de O Evangelho Segundo o Espiritismo, capitulo V - Bem aventurados os Aflitos, Instruções dos Espíritos, item VIII, A moça sentia uma solidão tão intensa que a fazia pensar em suicídio.
Perguntei a ela se já havia tentado terapias diversas, psicológica, psiquiátrica, etc., e ela me respondeu:
- Desde pequena tenho tendencia à depressão, meus pais sempre atentos, tentaram tudo que estava ao seu alcance, acredito que ainda estou por aqui, nesse mundo doido, por causa da atenção deles.
- Você sente muita tristeza? - Perguntamos a ela.
- Muita, muita tristeza. Tem ocasiões que parece que meu peito vai estourar de tanta dor. Volta e meia visito um cardiologista, fico insegura de estar com problemas cardíacos.
- Isso se chama melancolia. Uma saudade que vem não se sabe de onde. A certeza de não estar no lugar certo, ansiar por algo além da visão ordinária desse mundo material, que nos consome a esperança e a fé; mas, apesar de tudo isso, há muita beleza por aqui, inclusive a vida que vivemos no momento.
- Eu sei, mas ainda assim, para mim é como se estivesse apenas vagando por um mar denso e escuro.
- Já experimentou olhar sua alma?
- Olhar minha alma? Como faço isso?
- Como espírito. Se você está aqui numa casa espírita conversando comigo, uma atendente fraterna, é porque já entendeu de alguma forma que essa é apenas uma oportunidade, entre tantas que viveu e tantas outras que irá vivenciar.
- Múltiplas encarnações, não é?
- Isso mesmo, múltiplas oportunidades, e esta é mais uma que foi ofertada a você, não é?
- É sim.
- Para estar aqui, você fez algumas escolhas, não foi?
- Planejamento Encarnatório.
- Isso mesmo, planejamento encarnatório, uma oportunidade com projetos bem definidos de vida, dotada do livre arbítrio, um instrumento de confiança de Deus em cada um de seus filhos.
- Fale mais por favor.
- Essa confiança é derivada da nossa necessidade de provar o aprendizado feito enquanto estamos desencarnados; porém, a saudade da liberdade relativa que gozamos quando livres da matéria, nos deixa por aqui com sensação angustiosa de não estarmos no lugar correto, por que?
- Por que?
- Porque somos espíritos, estando encarnados ou não, nossa essência, nosso estado natural é de espírito. Mesmo nos casos mais complicados, quando partimos do mundo corpóreo a sensação é de livrar-se de um grande peso, mesmo para aqueles que continuam apegados à matéria. Nada mais natural do que essa sensação de estranheza, para alguns são mais intensas.
- O que faço?
- Observe a vida, veja o que é belo, até o mendigo sentado na guia, sujo e com fome, tem sua beleza peculiar, se o enxergarmos da maneira correta é uma ferramenta para exercitarmos a boa vontade, a paciência, a tolerância, o amor, a caridade.
- Ser bom com o outro?
- Ser bom consigo mesmo, enxergar essas oportunidades é permitir a você mesma esses nobres sentimentos. Sinta alegria por estar aqui, sabendo que todos inexoravelmente, voltamos para casa um dia. A maneira dessa volta escolhemos nesta bendita movimentação.
A menina emocionada me abraçou e disse:
- Nossa conversa foi realmente linda, preciso dividi-la com alguém muito especial.
- Comigo mesma, é bastante claro e lógico o que me disse, mas preciso de tempo para exercitar o que me indicou como caminho.
- Você precisa achar o seu caminho de liberdade, não é assim?
- É sim, mas eu acredito que sei o que fazer comigo mesma. O primeiro passo é deixar de negar essa encarnação, depois vejo o que virá.
- O futuro virá, pode crer!

FRANÇOIS DE GENÉVE
Bordeaux
 
                25 – Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.
                Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantém cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.
                E se, no curso dessa prova, no cumprimento de vossa tarefa, virdes tombarem sobre vós os cuidados, as inquietações e os pesares, sede fortes e corajosos para os suportar. Enfrentai-os decisivamente, pois são de curta duração e devem conduzir-vos junto aos amigos que chorais, que se alegrarão com a vossa chegada e vos estenderão os braços, para vos conduzirem a um lugar onde não têm acesso às amarguras terrenas.                                                          


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

MEDO E CORAGEM



Estava pensando sobre o que é ter medo e arranjar coragem, de qualquer maneira, para superar limites. Por mais que tente definir um e outro, apenas consigo visualizar situações, que de uma forma ou de outra, eu preciso ir em frente, independente de estar ou não preparada para isso.
Isso me leva a refletir sobre o danado e saudável exercício de educar minha inteligência, afinal quando enfrentamos limitações é o que nos leva a procurar soluções diferentes às quais estamos acostumados. Esse é o momento de voltar no espaço e no tempo em busca de situações semelhantes e usá-las para comparar com o ocorre hoje, nesse momento de dor, ou apenas de desconforto com a nossa realidade.
Temer é ceder à crença na própria incapacidade de refletir e raciocinar, e isso não é bom, pois apenas nos retém no lugar comum, o que costumamos definir como “zona de conforto”. Se analisarmos a tal “zona de conforto”, chegaremos à conclusão que ela não é tão confortável assim, ela é apenas familiar e manipulável, o que nos possibilita trabalhar a própria insatisfação de uma forma que a nossa rebelião soa como uma traição àquilo que está de “bom tamanho”. Ou seja, não está do jeito que eu quero, mas está do jeito que dou conta, sem muito trabalho.
A tal da coragem é olhar para o caminhar de nossa vida e descobrir que as pedrinhas que nos fazem trupicar, são lembretes de que precisamos encontrar soluções melhores, não mais aceitar o sofrimento, afinal a cada estocada que damos é mais uma dor a nos cobrar a tal felicidade.
Matar um leão por dia? É mesmo necessário?
Afinal, matamos o leão, mas ficamos com a carcaça a nos lembrar que ainda é um peso em algum lugar de nossa mente, talvez em alguma gavetinha bem escondida, onde trancafiamos nossas dores?
E no acumulo de gavetas, acabamos construindo armários imensos, que não nos libera espaço e tempo para enxergar à felicidade, a liberdade, a capacidade de realizar nossos milagres.
Pessoalmente, vejo que as indecisões, as inseguranças, as dores, os temores, as doenças comportamentais, emocionais e mentais tem somente uma origem a insatisfação com o passo que damos para a direção não sonhada, sem mencionar que todo esse desequilíbrio acaba por adoecer essa maravilha, nosso abençoado corpo material, hoje, nesse momento, veículo pelo qual se manifesta nosso espírito; e a escolha do que vamos vivenciar podemos escolher, ou seja, vamos construir um mundo novo ou destruir essa possibilidade.
O que podemos fazer para mudar esse rumo? Eu decidi que não deixo mais “se” e “talvez” ser inicio de meus últimos parágrafos, isso gera dúvida e incerteza sobre minha capacidade de esclarecer e por um ponto final.
Resolve? Até agora consegui melhorar a convivência que tenho com o meu “eu”.
É a resposta? Não sei, até agora está dando certo, mas tenho certeza que esse estado de aprendizagem não termina aqui, mas abre novas perspectivas a novos questionamentos.
O que importa nesse momento é que estou caminhando, para onde? Não sei, ainda procuro respostas.
E você? Qual é sua dúvida?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

BERÇO DE LUZ



BERÇO DE LUZ

Uma alegria imensa invade meu coração a cada novo livro, é como uma vitória sobre as minhas próprias limitações, aprendo muito com um mestre incrível, Vinicius (Pedro de Camargo), um amigo exigente, que acrescenta sempre algo novo em minha vida.

Berço de Luz, tem algo a mais, também é uma homenagem a um grande amigo que partiu para outras aventuras, outras vivencias, na verdade pátria de todos nós, o mundo dos espíritos, estou falando de Junior, Rubens Rodrigues dos Santos Junior. Com saudades, mas também grata por te-lo em nossas vidas.

Berço de Luz conta a história de Raquel, uma jovem adolescente que experimenta uma das mais belas experiencias para uma mulher, a gestação de um filho, mas também precisa lutar contra a insegurança e o medo da incompreensão da sociedade, desde a família, a escola, etc.

Berço de Luz nos mostra que sempre há um propósito maior em tudo que vivemos, precisamos apenas acreditar e viver essa maravilha.

Vinicius encerra esse livro com o seguinte comentário, que é pura esperança para a humanidade:"

"Olhando o céu, vimos uma bola de fogo explodindo em milhões de pequenos focos luminosos, dourados e quentes como o próprio sol, iluminando a escuridão e produzindo um som, que mais nos pareceu o lamento triste e mavioso de uma baleia.
            Mais do que admirados, emocionados, vimos que os pequenos pontos dourados se transmutavam em pequenas explosões prateadas, invisíveis aos olhos humanos, mas que queimava a densa energia que encontrava em seu caminho. Transformando trevas em luz de esperança.
            Observando o espetáculo da natureza profícua, entendi que embora existam várias maneiras de experimentarmos o nascimento do espírito em um corpo de bênçãos, todos os berços são berço de luz."

terça-feira, 17 de abril de 2012

QUAL É A SUA DOR?


QUAL É A SUA DOR?

Se não pararmos para observar, refletir e entender os caminhos que nos levam ao estado de sofrimento, acabaremos esmagados por ele.
E essa oportunidade bendita de refazer e fazer e transformar e criar algo belo, acaba por se perder nas trevas de nossas mentes.

QUAL É A SUA DOR?

Converse comigo, posso não ter respostas prontas, mas podemos procurar entender juntos e por que não? Até mesmo encontrar algumas respostas.